Harmonizando a vida com cervejas, comidas de botequim e amizade

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Feliz International Stout Day - BREWDOG

               Em agosto foi dia de beber cervejas do estilo India Pale Ale em comemoração ao IPA Day. Agora é a vez do estilo Stout ter o seu dia agraciado, comemorado hoje, 03/11, graças ao International Stout Day. Tinha alguns exemplares de Stout e seus sub-estilos estocados aqui no armário, mas na geladeira mesmo só a escocesa Brew Dog Paradox Isle of Arran, na verdade uma cerveja do estilo Imperial Russian Stout, com 10% de teor alcoólico, maturada em barris de madeira anteriormente armazenados com uísque escocês. Ela estava aguardando seu momento certo de ser bebida, sendo ela minha eleita para homenagear o dia de hoje.
               Fiquei feliz com sua esplendorosa espuma de cor bege escuro que foi criada na pequena taça de conhaque em que a despejei. Alta, cremosa, com boa retenção, demorando para baixar e que deixou marcas nas laterais, sujando-a, criando o famosoo belgian lace (renda belga), ao deixar traços de espuma em espirais até o fim da tacinha.
Paradox Isle of Arran (Russian Imperial Stout - 10% APV)
               As cervejas que exalam notas aromáticas na primeira “narigada” ao copo, sem a necessidade de esperar ela desprender cheiros conforme vai esquentando o líquido, costumam me conquistar de primeira, tudo bem que às vezes a descoberta lenta e parcimoniosa das gamas e sensações que ela exala, também é interessante, quando você vai pincelando aos poucos, como um baú de tesouros, jóia por jóia. Na Paradox ela já diz logo a sua intenção, sua complexidade e suas cargas são totalmente aparentes no aroma, nada encobertas. Chocolate extra-amargo, torrado, herbal, álcool e picante são prematuramente mostrados. As notas amadeiradas desprendem-se logo após acompanhado do defumado e turfado, sensação de cinzas de carvão, presença de frutas secas e sementes, como ameixa preta, uva passa, castanhas e amendoim. Complexa. Inicialmente seu sabor mostra toda sua licorosidade, dando a ela ares de destilado, e picância, uma pimenta que afasta o degustador, para em seguida seu torrado vir acompanhada do chocolate amargo e de uma refrescância de ervas. Seu corpo era muito sedoso, um agradável e não agressivo tecido na garganta, de amargor alto (novamento trazendo ares de bebida destilada), mas não de todo pesado, novamente com presença de frutas secas, trazendo o doce necessário e suficiente ao conjunto, embora tenda ao amargor ter maior destaque, para no fim terminar muito seca e torrada.  
               Bela representante do estilo Russian Imperial Stout, bela escolha para homenagear o International Stout Day, bela cerveja. A dúvida: na guarda (como o vinho as cervejas muito alcoólicas e potentes geralmente tendem a amadurecer e melhorar com o tempo) ela exacerbaria ainda mais a gama de complexidades já apresentada? Com seu vencimento em 2015, guardo mais 5 anos e comemoro com ela o próximo dia da Stout de 2020.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

DELI BEER RIO´11 – 16 a 18 de dezembro 2011 Hotel Marina Palace – Leblon – Rio de Janeiro


Release Deli Beer Rio 2011

E você? Sabe mesmo de cerveja? 

Cariocas e turistas tem mais um motivo para aproveitar o verão no Rio de Janeiro e, de quebra, comprar um presente de Natal original para aquela pessoa especial.

A cidade recebe pela primeira vez o Deli Beer Rio 2011 , evento que apresenta ao público a diversidade de rótulos que o mercado oferece em cervejas especiais, artesanais e muitas importadas.

Entre 16 e 18 de dezembro, no Hotel Marina Palace do Leblon, no coração da zona sul, os visitantes poderão desfrutar de prazerosa experiência em novos sabores das mais variadas marcas de cervejas importadas e artesanais que estarão em exposição na Deli Beer Rio.

Além de conhecer o que as cervejarias vêm criando para o consumidor e encontrar
produtos originais e diferenciados para colecionar,presentear e consumir, o público também poderá comprar artigos relacionados, como copos especiais, bolachas, latas e afins.

Como convidado super especial, contaremos com o workshop do Sommelier de Cervejas Mauricio Beltramelli conhecedor e mestre cervejeiro responsável pelo conteúdo do Site Brejas, que com seus milhares de seguidores serve de referencia para quem quer saber mais (e muito!) do assunto.

O “Deli Beer Rio 2011” estará aberto das 13h às 21h, durante os 3 dias de funcionamento. A entrada é livre, mas para degustar o custo é de R$ 35.00 por passe degustação e este pode ser comprado antecipado na loja do evento, é só clicar no link: 
 
 
Os passes na hora terão um custo de R$ 50,00.

http://www.delibeer.com 

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pumpkin-maníacos – Dogfish Head Craft Brewed Ales


               Hoje é celebrado mundialmente o Dia das Bruxas e como um de seus maiores símbolos é a Jack O’Lantern (a abóbora vazia com uma lanterna acesa dentro, com buracos que representam olhos e boca) nada mais natural  que a postagem fosse relacionada a alguma cerveja que levasse a adição de abóboras na sua receita. A escolhida foi a Punkin Ale, sasonal sempre lançada em início de setembro pela cervejaria americana Dogfish Head, uma cerveja que parte inicialmente do estilo Brown Ale, levando na receita, segundo o rótulo informa, além da carne da abóbora, adição de açúcar mascavo orgânico e uma variedade de especiarias, como pimenta-da-jamaica, canela e noz-moscada. Seu nome é uma homenagem a um famoso evento local, o Punkin Chunkin, realizado numa cidade próxima da cervejaria, cujos participantes atiram abóboras inteiras através de catapultas, ganhando quem jogar a sua mais longe. Nesse mesmo evento a Dogfish Head já participou e ganhou com a Punkin Ale o primeiro lugar no concurso de receitas, inclusive alguns meses antes da cervejaria abrir as suas portas.
               A Punkin Ale é a terceira cerveja de abóbora que experimentei até hoje. Como nas outras as suas características penderam mais pro doce de abóbora e especiarias, mas as achei mais fortes nessa americana, que junto com o açúcar mascavo, assomaram muito destacadas ao nariz mesmo com o copo bem distante. Seu sabor começou picante, uma picância de ervas, depois surgiu a tríplice abóbora/açúcar mascavo/especiarias, para depois novamente a erva retornar, com sua refrescância de eucalipto que limpava essa tríplice, diminuindo bastante o seu exagero, pra cerveja terminar com um fim altamente carregado de frescor, mas também muito seco, como um arremate, um tapa. Não sei se pode ser considerado um parentesco distante entre frutas, mas talvez pelas semelhanças da cor laranja, senti um frutado de mamão bem no fundinho do sabor, mais aparente conforme a cerveja ia esquentando.
Dogfish Head Punkin Ale (Spice/Herb/Vegetable Beer-7%APV)
               Não sou um fã de cervejas de abóbora e creio que não sejam cervejas para serem tomadas várias garrafas numa mesma noite, tornando-se bem enjoativas para desacostumados a esse tipo de cerveja. Mas é uma experiência enriquecedora ao apresentar variada gama de sensações encontráveis apenas numa cerveja, como nessa americana, que consegue ser ao mesmo tempo picante e cheia de frescor. Diferente das cervejas de abóbora das outras marcas que bebi, nela a sensação de abóbora e especiarias era maior, mais forte, como se uma carga maior delas tivesse sido adicionada à receita. E parodiando os cervejeiros amantes do lúpulo, autodenominando-se “lúpulo-maníacos”, a Punkin Ale foi feita para os “pumpkin-maníacos” ou maníacos por abóbora, pois ela é extremamente hardcore!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

#PROVETUITE em Blumenau - 03/10/2011 às 20h - EISENBAHN


Release Provetuite Especial Oktoberfest

Provetuite Especial Oktoberfest com Juliano Mendes, na Fábrica da Eisenbahn em Blumenau

BLUMENAU, 20/09/2011 - Na semana de abertura da 28º edição da Oktoberfest em Blumenau, a Cervejaria Eisenbahn promoverá uma edição especial do #Provetuite, transmitido diretamente do Bar da Fábrica.

No #Provetuite Especial Oktoberfest, Juliano Mendes, um dos fundadores e agora consultor da marca, estará acompanhado do Sr. Gerhard Beutling, mestre-cervejeiro da Eisenbahn. Eles darão dicas de harmonização entre a Eisenbahn Weizenbier e salsichão, prato servido no bar, e também com o queijo francês Chèvre, feito de leite de cabra. A Weizenbier é uma cerveja de trigo bastante consumida na região de Munique, cidade que originou a Oktoberfest.

O #Provetuite será transmitido ao vivo, no dia 03 de outubro, às 20h. As informações sobre como acompanhar o evento serão divulgadas através do Twitter – www.twitter.com/_eisenbahn_ - e página do Facebook  www.facebook.com/CervejaEisenbahn . A WE3 ONLINE de Blumenau e a Live Content de São Paulo-SP, em conjunto com a equipe de Marketing da Cervejaria Eisenbahn serão os responsáveis pela produção e transmissão do evento.

Sobre o #Provetuite
O #Provetuite é um projeto da Cervejaria Eisenbahn e é transmitido ao vivo pela internet. Em cada edição, Juliano sugere pratos que harmonizam com a cerveja escolhida para aquele evento. No #Provetuíte, os seguidores acessam o link de streaming live e podem sugerir, questionar ou simplesmente acompanhar todas as informações passadas pelo apresentador. Nas edições anteriores, as cervejas apresentadas foram: Eisenbahn Weizenbock, Eisenbahn Strong Golden Ale, Eisenbahn Dunkel, Eisenbahn 5 e Eisenbahn Kölsch.

SERVIÇO:
Provetuite Especial no Bar da Fábrica
Quando: 03 de outubro de 2011, 20h.
Hashtag oficial do evento: #Provetuite

Contatos para mais informações:
WE3 ONLINE – (47) 3222 0582 – Rafael Bombonatti – rafael@we3online.com.br
Live Content – (11) 7463-3021 – Carolina Travaina - carolina@livecontent.com.br


Ergam o Pint e ralo abaixo! – ARTHUR’S DAY


pintura de Arthur Guinness
               Na 5ª. feira da semana passada, 22/09/2011, foi celebrado mundialmente o Arthur Guinness Day ou simplesmente Arthur’s Day. Arthur Guinness foi o fundador da Guinness Brewery, cervejaria irlandesa criadora da cerveja Stout mais famosa do mundo, a Guinness. Desde 2009, com a celebração do aniversário de 250 anos de existência da cervejaria e com a realização paralela de eventos musicais em várias partes do mundo, essa data é comemorada de forma ritualística, onde todos os apreciadores de Guinness devem erguer seus copos “pint” às 17:59 (remetendo ao ano de sua fundação em 1759) como uma homenagem em memória ao criador dessa adorada cerveja. Nada mais justo então que eu fizesse minha singela parcela de contribuição e também erguesse meu “pint”. Salve, Arthur!
garrafa de Guinness Special Export, 3 versões de Guinness Draught, sendo a última lata o design atual, e Pint de Guinness
17:59 (ah, o Botafogo ganhou nesse dia)
               Para completar a celebração coloquei na geladeira todas as Stouts de outras cervejarias que tinha armazenadas aqui em casa. Além da própria Guinness Draught (na verdade comprada no mesmo dia, já que não tinha em casa), a Caracu, Dama Bier Stout, Burgman Stout, Primátor Stout e Young´s Double Chocolate Stout, fizeram parte da lúdica brincadeira. Também tenho aqui algumas cervejas do estilo Imperial Stout, cervejas mais robustas, alcoólicas e complexas, mas deixei para degustá-las futuramente uma a uma, até porque depois de beber as 6 citadas a análise ficaria comprometida sem conseguir identificar sensações que cada cerveja traria. Portanto além da irlandesa aniversariante, também entrou na roda 3 brasileiras, uma da República Tcheca e uma inglesa, já estava de bom tamanho.
Guinness Draught (Dry Stout - 4,2% APV)
               O óbvio brinde inicial foi com a Guinness, com o pint erguido exatamente às 17:59, como o relógio da foto não me deixa mentir. Lembro que a última vez que a tomei foi no Il Piccolo Caffe (casa localizada no centro do Rio, especializada em comida e bolos alemães, além de boa carta de cervejas) coincidentemente em comemoração a outra festividade irlandesa, o Dia de São Patrício. Seja comemorando ou no dia-a-dia é sempre bom rever a dança que seu líquido exerce após derramado no copo. O efeito cascata da espuma com sua lenta subida da base ao topo é muito atrativo aos olhos, um verdadeiro espetáculo que mesmo demorado, pacientemente esperamos para só após o creme assentar esplêndida e cremosamente, tomarmos o primeiro gole. Seu sabor é um mix de café capuccino com chocolate amargo, além da alta torrefação, bem tostada, e nada doce! Ou seja, nada enjoativa.
               Pint de Guinness vazio, hora de dar prosseguimento na degustação de outras Stouts disponíveis. Segui a ordem da menor para maior teor alcoólico, portanto a próxima da fila foi a Primátor Stout. Essa tcheca seguiu direitinho a receita de como fazer uma Stout, na verdade uma Oatmeal Stout, estilo que leva adição de aveia, responsável por trazer mais cremosidade (e sustança!) à cerveja, pois apresentou boas notas torradas, de café e chocolate, e ainda notei nozes e amendoim no aroma, mas infelizmente ela estava comprometida. Não formou nenhuma espuma no copo, com bolhas dispersas, parecia mais uma coca-cola que cerveja, e parecia aguada também, ou seja, nada de cremosidade, estava “choca”!
Primátor Stout (Oatmeal Stout - 4,7% APV)
Caracu (Swet Stout - 5,4% APV)
               Para meu azar (ou alguma maldição de Arthur) a cerveja seguinte também estava comprometida. Apesar de formar uma espuma bonita, longa e de cor castanho escuro, a Caracu apresentou um fortíssimo cheiro de acetona, um intragável gosto acético, portanto infelizmente teve destino ralo abaixo na pia da cozinha. Confesso que até esperava um pouco por isso. Sua latinha estava aqui em casa guardada na despensa, comprada por minha mãe há tempos, que a usaria na receita do “filezinho de gambá”, então das duas uma, ou ela ou o supermercado na qual comprou a estocou mal. Por ser uma cerveja do maior grupo cervejeiro do mundo, ABInBev (Anheuser-Busch InBev), portanto facilmente encontrada em qualquer lugar, desde uma birosca a um hipermercardo, natural que nem todo lugar tenha o cuidado necessário, na verdade o mínimo, na hora de estocar seus produtos.
Dama Stout (Stout - 5,5% APV)
               Pelo menos dei sorte na próxima (obrigado, Arthur!). A última cerveja lançada pela Cervejaria Dama Bier, a Dama Stout, estava perfeita em suas condições, sem apresentar defeitos. Era a primeira vez que a tomava, e para surpresa senti de cara, como uma bofetada, um cheiro muito frutado de abacaxi, que na verdade ele foi bem convidativo, elegante e agradável, presente também no sabor, mas neste sobressaindo menos. Forte presença de algo gorduroso, que me soa fortemente como queijo gorgonzola, também a marcou – um adendo: a primeira vez que senti queijo gorgonzola numa cerveja foi na americana Barney Flats Oatmeal Stout, da americana Anderson Valley, que como leva adição de aveia, talvez essa robustez, cremosidade e gordura, venham daí – Fica a dúvida se a Dama também leva aveia. Enfim, ela era muito encorpada, aspecto de chope mesmo, e no fim ficou a sensação de ser muito equilibrada, nem mais nem menos, diria que perfeita.
               Essa perfeição durou pouco, terminando na próxima escolhida que também estava comprometida, totalizando 3 estragadas e tudo na mesma noite, será que bati o recorde? A próxima que escolhi foi a Burgman Stout, a mais alcoólica de todas, mas quebrei a regra mudando um pouco a ordem, pois achei que esta estaria mais parecida com as anteriores, conseguindo manter a análise no mesmo nivelamento. Mas a frustração foi tanta que também foi ralo abaixo. Nenhuma espuma, menos ainda que a tcheca, com a mesma aparência de coca-cola que após aberta fica dias na geladeira, sem gás nenhum.
Burgman Stout (Stout - 7% APV)
               Cheguei a seguinte conclusão na minha análise sensorial de cervejas comprometidas:
  • Caracu: provavelmente foi mal acondicionada no supermercado que a estocou. Ficou em contato direto com o sol ou em lugar úmido ou sem ventilação ou todos estes juntos. O forte cheiro de acetona e o azedo do sabor, até onde consegui suportar para analisar, comprovam isso.
  • Primátor: provavelmente foi mal transportada até minha casa. Como foi comprada em loja especializada em cervejas, certamente estava bem estocada lá, mas no trajeto da transportadora ou dos Correios deve ter sofrido alguma avaria, como cervejas sobre as outras dentro da caixa de papelão, por exemplo, ocasionando leve abertura da tampa devido contato entre ambas, causando perda de gás carbônico e a contaminando apenas em parte, pois mantinha suas características normais, podendo ser medianamente degustada, embora com zero de carbonatação e corpo aguado.
  • Burgman: o mesmo que a Primátor. Embora não a tenha bebido, apenas provado uma “bicada”, pois acabei despejando-a no ralo devido a alta frustração (já a Primátor consegui tomar toda), o pouco que provei apresentava bom torrado, café e boa carga de lúpulo, mas estava muito “choca”, sem graça, ruim, e a bebi pouco.
               Para fechar a noite, ou melhor, para salvá-la, era hora da Young’s Double Chocolate Stout. Seria a penúltima na ordem crescente das alcoólicas, mas ficou pro final, pois tinha mais cara de sobremesa. Embora as Stouts tenham como forte característica sabores e aromas de café, chocolate e suas derivações, essa cerveja recebeu essência e adição do próprio chocolate escuro na sua receita, do também inglês chocolate Cadburry, nesta que é considerada a primeira cerveja de chocolate registrada do mundo e mundialmente premiada em concursos cervejeiros. Obrigado, Arthur, por abençoar esse exemplar, que estava pefeito, com boa formação de espuma, de aspecto cremoso, com o bonito visual do líquido preto, muito denso, viscoso, oleoso, rijo. E no nariz... abra uma barra de chocolate escuro, puro cacau e com adição de pedaços de laranja, é o mesmo cheiro que você vai sentir nessa cerveja, o mais puro e vivo, nada artificial, aroma de um bom chocolate fino, inebriante e delicado. No paladar o chocolate muda do cítrico para dar lugar a um chocolate meio-amargo, mais contido no doce e bem tostada, com o chocolate menos intenso, e ainda bem, pois evitou deixá-la muito doce e enjoativa. No final ficou a sensação que me proporcionou uma satisfação tão intensa que dificilmente outro alimento/bebida conseguiriam tornar híbrido prazeres, para muitos, tão díspares, à perfeição, em apenas um único produto. Lembrei da cara de espanto da caixa do supermercado ao deparar-se com a existência de uma cerveja com chocolate. Até argumentei dizendo que era boa, mesmo sem tê-la provado ainda e agora, após degustada, deu vontade de voltar lá e falar a ela: eu não disse?
Young's Double Chocolate Stout (Sweet Stout - 5,2% APV)
               No final fiquei satisfeito de ter experimentado cervejas excelentes, como a velha conhecida Guinness e as recentes Dama Stout e Young’s Double Chocolate Stout, me marcando tanto que certamente voltarão a freqüentar meu copo futuramente, e até mesmo a Primátor Stout, que provou ser uma potente cerveja, pois mesmo comprometida conseguiu manter medianamente intactos aroma e sabor. Já as demais, decepções a parte, mesmo fatalmente comprometidas receberão uma segunda chance, acredito que o raio não cairá duas vezes no mesmo lugar. Mas a que mais marcou foi definitivamente a de chocolate. Já tinha experimentado antes cervejas que levam chocolate no nome, usando esse insumo não de forma natural, vivo, mas artificialmente, o gosto e o cheiro até eram de chocolate, mas igual um chocolate barato, de 2ª. categoria, pessimamente inserido no conjunto. A Young’s me fez mudar os meus conceitos.
DaDo Bier Double Chocolate Stout (Imperial Stout - 10,5% APV)
               E continuando com a temática de cervejas com chocolate, concluo essa postagem com uma bela notícia aos cervejeiros e chocólatras de plantão: a cervejaria DaDo Bier, gaúcha fundada em 1995, conseguirá finalmente registrar junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a sua cerveja DaDo Bier Double Chocolate Stout. Criada em comunhão com os cervejeiros cariocas Ricardo Rosa e Mauro Nogueira, seu diferencial é a adição de chocolate Kopenhagem na fórmula da receita, que acabou tendo seu registro vetado pelos funcionários do MAPA, devido proibição da lei no uso em cervejas de insumos de origem animal, o leite em pó, no caso (proibição restrita apenas às nacionais, já que a importação de exemplares semelhantes ocorre aos montes, vide a inglesa que tomei). A solução partiu da própria Kopenhagem que criou um chocolate que não tivesse leite em pó e a cervejaria conseguiu dessa forma a aprovação do MAPA. Resta agora esperar o lançamento dessa cerveja na chocolataria e empório mais próximos. Quem se deu bem, à época da polêmica, foram os poucos felizardos que conseguiram prová-la dentre os 100 lotes que a cervejaria presenteou, e disseram, em unanimidade, tratar-se de uma das melhores cervejas já feitas no Brasil. Muitos acabaram correndo pra esteira da academia no dia seguinte.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Não é uma creche! - DELIRIUM CAFÉ


               Outro estabelecimento cervejeiro aqui do Rio que aniversariou em agosto foi o Delirium Café, a primeira e única filial das Américas (são 6 no mundo todo) do famoso bar belga de mesmo nome, mundialmente famoso, que inclusive já foi citado no Livro dos Recordes como a maior carta de cervejas com mais de 2000 rótulos do mundo todos servidas no bar.
               A filial de Ipanema não conta com essa variedade toda, mas mantém uma carta de respeito com mais de 300 opções entre belgas, alemãs, tchecas e nacionais, por exemplo, além de funcionar como importadora, via grupo Buena Beer, de cervejas belgas e trapistas, e ainda como representante exclusiva das cervejas das marcas belgas Delirium Tremens e St. Feuillien.
               A minha ida ao bar já estava mais do que postergada, então nada melhor do que visitá-los à época de seu mês de aniversário, pois aproveitaria para conhecer a casa e comprar algumas cervejas já que estavam com promoção de 20% de desconto em tudo. Comprei algumas belgas que ainda não tinha visto vendendo no Brasil, além da Gulden Draak (dragão dourado), que já namorava há tempos e cujo desconto facilitou minha aquisição, e algumas Floris e Mongozo, cervejas que recebem adição de frutas, para a minha namorada.
Gulden Draak, St. Idesbald: Blonde e Triple, St. Paul Triple, Affligem Triple, Floris: Chocolat, Apple e Framboise, Mongozo Banana
Judas (Belgian Golden Strong Ale - 8,5% APV)
               A decoração do bar é um caso a parte, a começar pela fachada, pois qualquer um ficaria maravilhado com os elefantes cor-de-rosa desenhados nas paredes, mascote das premiadas e apreciadas cervejas da linha Delirium Tremens, que com um apelo comercial tão forte arrisco dizer que é o símbolo mais conhecido do mundo cervejeiro. Dentro do bar mais elefantes cor-de-rosa decoram o ambiente junto com variados quadros e pôsteres de cervejas igualmente famosas, quase sem deixar espaço nas paredes, já que a dominam em totalidade. Fazendo frente a cervejas com nomes com temática religiosa, como Deus, Lucifer e Duvel (diabo em flamengo), um pôster curioso me chamou atenção, da belga Judas, pois não a conhecia, mas infelizmente não tinham na loja, pois confesso que a curiosidade me faria beber essa traíra!
               Fui a loja com o intuito de comprar algumas cervejas para degustar em casa, mas tinha que beber ao menos uma no bar para comprovar o aconchegante ambiente. Escolhi beber um chope das 5 torneiras disponíveis e (olha ele lá novamente!) o elefantinho cor de rosa marcava presença na chopeira exclusiva da Delirium Tremens. Como todos os barris dessa cerveja tinham acabado no dia da festa de aniversário da casa, foi substituído pelo chope da brasileira Colorado Indica. Também contavam com outro brasileiro, o Therezópolis Gold, o irlandês Guinness, o alemão Erdinger e o inglês Old Speckled Hen, meu escolhido. Servido no copo pint da própria cerveja, grifado com os nomes da mesma, o chope é um espetáculo aos olhos. Após servido, toda a volumosa espuma, de aspecto leitoso, começa a subir da base até a borda do copo, ocasionando o efeito cascata, para no fim assentar no topo formando um rijo e cremoso colarinho. Cremosa, amarga na medida e com um delicioso adocidado de caramelo, a tomei no balcão mesmo, me sentindo num verdadeiro pub inglês.
Old Speckled Hen (ESB/English Pale Ale - 5,2% APV)
               Devido a compromissos tive que abreviar minha visita, sem ainda provar os variados quitutes da casa, mas feliz em ter sentido todo o seu aconchego, hospitalidade e atenção dos funcionários e do barman gente fina, muito conversador, e ciente que não tardarei a retornar com mais calma e preferencialmente acompanhado de amigos. Então já sabem, passando por Ipanema, ao avistarem uma fachada azul desenhada com vários elefantes cor de rosa, saibam que aquilo não é uma creche, só parece uma! Portanto não hesitem em entrar sem pestanejar, mas não levem seus filhos. Brincadeira! Levem, mas expliquem que só poderão brincar com os elefantinhos quando tiverem 18 anos.
as 5 chopeiras e o onipresente elefante cor de rosa

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Aniversariante da cidade sorriso - CERVISIA 1516


               Além do Boteco Colarinho, outro que aniversariou em agosto foi o Cervisia 1516, também completando 1 ano de existência. Bar, restaurante e empório que fica localizado no centro de Niterói, perto do Fórum e da Prefeitura nova, onde também costumam ocorrer mensalmente palestras envolvendo degustações de cervejas especiais, sempre realizadas pelo sócio Rogério Vasconcellos. Ano passado tive o prazer de ser um de seus alunos no curso de fabricação de cerveja artesanal, no Granel Armazém e Botequim, em Piratininga, mas como o Cervisia tem tomado muito do seu tempo, ele não está mais realizando os cursos.
                    Há um mês mais ou menos ampliaram seu tamanho com o aluguel de uma loja ao lado. Optaram por instalar um novo espaço com venda exclusiva de chopes Itaipava, creio que servindo como uma forma de atrair a ainda maioria do público desacostumado com cervejas especiais.
chorinho da dupla Ranieri & Brito e o Rogério, meu "professor"
               No dia da festa rolaram novidades como música ao vivo, chope Erdinger, dose dupla de chope Therezópolis Gold e Itaipava, além do prato do dia, rabada com agrião. Comecei com o caldinho de frutos do mar, participante do Festival Água na Boca All Mare, do Jornal O Globo, e o harmonizei com o chope de trigo, casando perfeitamente. Para almoçar escolhemos o “monte seu prato: escolha 1 carne, 3 acompanhamentos e 1 molho” e os escolhidos foram kassler (joelho de porco), arroz, feijão e batata-frita, e o molho de mostarda escura, e a cerveja eleita foi a Bierland Vienna, que começa doce, mas com um alto amargor bem persistente. União de Alemanha, Brasil e Áustria, todos juntos na mesa. Quase que servindo como uma sobremesa, minha namorada pediu uma Floris Fraise, uma cerveja com adição de frutas, bem leve, refrescante, doce, levemente ácida, onde o carro chefe é o alto cheiro e sabor de morango, e movidos pela curiosidade todos da mesa a experimentaram.
caldinho de frutos do mar, kessler com mostarda escura e acepipes do balcão
               A tristeza geral ficou por conta do delicioso caldinho de feijão, um sucesso que continua delicioso, mas diminuiu de tamanho (e também de preço, vale dizer), mas que não vem mais acompanhado do também delicioso pão com ervas, que agora é opcional, cobrado à parte. O coro era geral: queremos o antigo caldinho de feijão com pão de ervas de volta!
brinde com Bierlando Vienna (Vienna Lager - 5,4% APV), Floris Fraise (Fruit Beer - 3,6% APV) e chope Therezópolis Gold (Premium American Lager - 5% APV)
               E finalizando até de noite várias rodadas de chope Therezópolis, que depois foi substituído pelo chope Sulamericana, da mesma cervejaria Sankt Gallen e também participante da dose dupla. Chopes leves e sem muito destaque, mas que serviram para brindar a festa com os amigos presentes, celebrando esse reduto de boas comidas e cervejas especiais.
               É por essas e outras que gosto de morar na cidade sorriso, a minha Niterói. :)
Onde fica o banheiro? Logo ali atrás do rabo do elefante

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Bebendo em SP, bebendo na estrada - BEER EXPERIENCE


               Geralmente a quantidade de público costuma ser o termômetro medidor do sucesso de um evento. Algumas vezes, sucesso de público não necessariamente significa sucesso de evento, pois grande quantidade gera maior cuidado na organização, oferecimento de mais conforto, acessibilidade, variedade de entretenimento, quantitativo de pessoal e também ter um pouco de sorte.
               O Beer Experience, evento cervejeiro que ocorreu no Centro de Convenções Frei Caneca, no bairro da Consolação em São Paulo, em 20/08, foi um sucesso de público e sucesso como evento cervejeiro, tanto que os organizadores o realizarão novamente ano que vem. Como a área era ampla, não lotou a ponto de ficar intransitável e por ocorrer ao longo de todo o dia de sábado, das 10h às 21h, o rodízio de pessoas era grande.
Velhas Virgens, Cervejaria Colorado, Dama Bier, de Piracicaba, e Backer 3 Lobos
               Além do óbvio (cerveja, cerveja e mais cerveja) o evento também contou com apresentação de três bandas, dentre elas a Velhas Virgens, que lançou sua própria cerveja, a Indie Rockin’ Beer, cerveja do estilo India Pale Ale, que tem como característica o amargor mais acentuado. Tomei um gole, é boa, com boa carga maltada e sabor de caramelo, mas que poderia ter mais amargor, mas nada que ajustes futuros não a deixem no ponto. Mais cedo teve show de comédia Stand Up e campeonato de Beer Cards, baralho parecido com o Super Trunfo, mas cujo mote são cervejas belgas (futuramente ele terá uma edição de cervejas brasileiras). Também tinha mesa de sinuca, totó e jogo de disco para entreter os presentes.
Beer Cards, jogos e sacas de malte servindo como almofadas
Klein Bier, Way Beer, Bierboxx e sais da Alma Rústica
               Alguns estandes ofereciam comidas, como sanduíches, petiscos, caldinhos e doces. Em especial, o estande da Bierboxx ofereceu costelas no barbecue feitas na hora, custava apenas $5 o pratinho e estava deliciosa, repeti várias vezes. O estande da Alma Rústica oferecia boas opções de sanduíches, mas o mais interessante foram os sais aromáticos de cerveja Stout, defumado e ervas, que estavam vendendo. Provei e aprovei todos.
Forest Bacuri (Specialty Beer - 3,8% APV)
               Bom, vamos a atração principal do evento, a cerveja! Eram mais de 100 opções de rótulos para degustar, em chope ou garrafa, e muitos lançados exclusivamente no evento, como por exemplo a já citada cerveja da Velhas Virgens. Também marcou estréia no evento a linha engarrafada da cervejaria Amazon Beer, do Pará, em destaque a cerveja Forest Bacuri que usa o fruto amazonense de mesmo nome na receita. A preferida de minha namorada, ela era bem refrescante, com leve acidez e forte presença do citado fruto. Confesso que antes não conhecia essa fruta regional e tão brasileira, posso dizer que só tomei conhecimento dela através da cerveja. Outras que estrearam foram as cervejas da linha 3 Lobos, da mineira Backer, cervejas que antes de prontas já polemizaram ao serem acusadas de plagiarem os rótulos da americana Flying Dog. Ousaram também no uso de ingredientes não tão usuais em cervejas, como capim limão, casca de laranja, açúcar mascavo e barris de umburana usados para maturação. Não as provei no dia, pois já tinha tomado dias antes e, plágios à parte, são uma maravilha.
geléia de damasco e chope ESB da GaudenBier
               No estande dos curitibanos do Clube do Malte vendiam geléias e molhos a base de cerveja, criação própria deles que vem expandir o uso da bebida na criação de outros tipos de produtos. Também serviram chopes dos conterrâneos da GaudenBier e experimentei deles o ESB (Extra Special Bitter) que muito me agradou. Ele passava pelo método de dry hopping (método responsável em trazer mais aroma à cerveja pela nova adição de lúpulo durante a maturação ou fermentação) com o lúpulo Styrian Golding, tornando ela mais aromática e fresca, que ainda tinha alto amargor, mas equilibrado com boas notas de caramelo. Outra curitibana presente foi a Way Beer, com quase todas as suas cervejas, em chope, chegando a esgotar algumas, como a Amburana Lager, muito bem falada, que infelizmente não provei. Já a Irish Red Ale pude provar e era aveludada, doce e com sabor muito puxado para bala toffe.
Marco Falcone, box da Mamãe Bebidas e Carolina Patrus
               O evento valeu também para conhecer pessoas, iniciar amizades além do mundo virtual e reencontrar algumas já conhecidas. Agradeço a gentileza do Guilherme Balbin, um dos organizadores que facilitou minha entrada mesmo sem convite, já que o mesmo não tinha chegado a tempo até minha residência. Raphael Rodrigues, do estande da importadora Tarantino e do blog responsável em cobrir o evento, o All Beers, foi muito simpático, inclusive me deixando provar algumas cervejas do seu copo e da sua esposa. Reencontrei o sempre atencioso Marcelo Carneiro, da Cervejaria Colorado, que dias antes tinha participado de um encontro cervejeiro em Niterói, presente com os chopes da Colorado, inclusive uma recém lançada, e ainda sem nome, do estilo American Brown Ale que leva adição de castanha do pará. Tietei o Marco Falcone, lenda viva da mineira Falke Bier, representada pelo estande da loja Mamãe Bebidas, onde finalmente conheci a Ana Carolina Patrus, conhecida antiga, mas apenas do mundo virtual, onde sempre compro minhas cervejas, que me brindou com chopes da Falke, provando que o mundo cervejeiro está repleto de gentilezas. Também encontrei o Edu Passarelli, cujo blog Edu Recomenda foi por anos uma grande fonte de meu conhecimento cervejeiro, mas que atualmente é postado pela Folha de São Paulo. Além de blogueiro, é gastrônomo, sommelier de cervejas e proprietário da Melograno, forneria e empório de cervejas localizada na Vila Madalena. Na hora de tirar a foto ele fez questão de encher meu copo com a St. Peter’s Winter Ale, já que nossos copos estavam vazios e copo de cervejeiro sempre deve estar cheio na foto! A Melograno é a fornecedora no Brasil das cervejas dessa cervejaria inglesa e também das escocesas da Traquair. Provei a Traquair Jacobite Ale, que antes tinha filado um gole de copo alheio, e mostrou-se uma bebida muito fina, com sabores de ameixa e um pouco de lactose. E ainda encontrei os amigos cariocas da BeerJack. É, o mundo cervejeiro é muito pequeno!
box da Melograno, fornecedora exclusiva das inglesas da St. Peter's Brewery, e Eduardo Passarelli
               Bebi uma boa variedade de estilos de cerveja, mas sem exagerar na quantidade. Fiquei no brilho, mas não embriagado, e se me pedissem pra escolher minha preferida das que bebi teria uma resposta na ponta da língua. O estande da Cervejoteca contava com várias caseiras paulistas, como a Sauber Beer, que já tinha provado quase todas de sua variada linha, inclusive já postei sobre sua cerveja com adição de abóbora, a Mestre das Poções, cuja peculiaridade é possuir um Mestre Alquimista responsável pelas receitas que são influenciadas pelo zodíaco e por eventos astrônomos, oferecendo cervejas únicas e nunca repetidas, e a Cervejaria Brix, que tive o prazer de degustar duas crias suas, a Madera, uma Old Ale maturada em carvalho trazendo notas envelhecidas, alto frutado e potência alcoólica (não resisti e acabei trazendo uma garrafinha para uma degustação com mais calma) e a Oatmeal Stout, que voltando ao início do parágrafo respondo que foi essa a minha preferida do evento. Nas cervejas desse estilo é adicionado aveia à receita, responsável por oferecer maior cremosidade ao corpo. A Brix foi além adicionando nibs (amêndoas) de cacau torrados durante a maturação, oferecendo toques de chocolate amargo. Mas ela foi mais além! No dia do evento adicionaram o Randall à chopeira, equipamento inventado pelo americano Sam Calagione, dono da Dogfish Head, originalmente um filtro cheio de lúpulos onde a cerveja passa antes de ser servido ao copo, mas a Brix trocou o lúpulo pelos nibs de cacau, e os aromas e sabores de chocolate amargo ficaram muito mais evidentes, sentidos a distância.
Madera (Old Ale - 9% APV), servida em chope ou garrafa no box da Cervejoteca
               A bola fora ficou por conta das poucas fotos que tirei do evento, culpa dos celulares, meu e de minha namorada, que estavam com a bateria fraca, ficando de lição para um próximo evento, e pela cerveja Poção de Trigo da Lua Cheia, que trouxe uma garrafa, ter vazado na mochila na volta para casa. O jeito foi abri-la e tomá-la dentro do ônibus, a temperatura ambiente e sujando todo o chão com o derramamento. Não sei se o transporte de bebidas alcoólicas é restrito apenas aos carros ou os ônibus também estão incluídos nesse ridículo projeto de lei recentemente aprovado pelo senado, mas felizmente não fui expulso do ônibus.
Poção de Trigo da Lua Cheia (Cerveja de Trigo - 5/7% APV), obrigatoriamente degustada no ônibus da 1001
               Bebendo em São Paulo, bebendo na estrada, bebendo em qualquer lugar, não vejo a hora de partir para a próxima tour cervejeira. Até lá!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Meus ídolos são cervejeiros – FESTIVAL ÁGUA NA BOCA 2011 AL MARE (JORNAL O GLOBO) / NOI CERVEJARIA ARTESANAL

               Há uma semana, em 16/08/2011, realizado pelo Jornal O Globo, através do Festival Água na Boca 2011 – Al Mare, promovido na Noi Cervejaria Artesanal, em Itaipú, Niterói/RJ, ocorreu o encontro “Conceituando as cervejas artesanais” com palestra e degustação gratuitas a cargo de Osmar Buzin, proprietário da cervejaria e de vários restaurantes da região.
               Osmar acabou passando a bola, de forma feliz, aos cervejeiros de mão cheia, Leonardo Botto, cervejeiro caseiro do Rio, sommelier de cerveja, fundador e atual presidente da AcervA Carioca, e Marcelo Carneiro, proprietário da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto/SP, há mais de quinze anos fazendo cervejas com identidade brasileira, vide uso de ingredientes como mandioca, mel, rapadura, café, rapadura queimada e castanha-do-pará, por exemplo.
               Disse que o anfitrião foi feliz ao substituir-se, não porque não entenda de cervejas, longe disso. Ter uma cervejaria como a Noi, por sinal a 1ª. cervejaria de Niterói, mostra o conhecimento e acuro que ele teve ao criá-la, mas foi inteligente ao abrir suas portas ao Botto e Marcelo para ministrarem o evento, grandes conhecedores que são do assunto e referências no mundo cervejeiro brasileiro. O próprio Botto, inclusive, foi responsável pela elaboração de alguns rótulos em parceria com o mestre-cervejeiro da Noi. Seja o espectador iniciante, avesso ao mundo cervejeiro ou já experiente e familiar no assunto, é contagiante ouvi-los palestrando sobre a nobre e popular bebida, explicando dados técnicos, divagando sobre sua rica e antiga história, servindo de guias para um mundo novo a ser desbravado.
fachada da cervejaria e o Noi Truck Beer, choperia móvel que pode ser alugada para comemorações
               Mas como falar de cerveja dá sede e o objetivo da cervejaria, além de palestrar sobre, era oferecer degustação de suas criações, estas logo foram servidas e analisadas. Os primeiros chopes foram a Bionda e a Bionda Oro, respectivamente uma Pilsen filtrada e não filtrada, e devido a isso a aparência da primeira era límpida e dourada, da outra era turva. Ambas eram bem leves, delicadas e refrescantes, sendo a segunda um pouco mais encorpada e mais amarga, com o fermento mais presente.
Bionda (Pilsen - 4% APV) e Bionda Oro (Pilsen Premium - 4,5% APV)
               Os próximos chopes servidos vieram acompanhados de pratos elaborados pelo Fernando, cozinheiro do restaurante da casa, que recebeu orientações do Botto para que esses harmonizassem com as cervejas oferecidas. Intercalando as degustações, explicações eram dadas sobre as cervejas e pratos apresentados, destacando as sensações que ambos ofereciam ao degustador. O primeiro prato foi um caldo de frutos do mar, harmonizando com o chope Bianca. Com notas de cravo, tutti-frutti e banana, frutada e com ligeiro sabor de maçã, esse chope de trigo casou com o caldo por semelhança, pois ambos eram leves, e a carbonatação alta da bebida limpou o paladar.
Bianca (Weiss - 4,9% APV) e Avena (Golden Ale - 5,2% APV)
               Do estilo Golden Ale, a Avena foi a próxima cerveja servida, trazendo boas notas frutadas e cítricas, aroma de pêssego e sabor de mel. Na receita é inserido mel de laranjeira e ela tinha um médio adocidado. Harmonizou com o risoto de pato ao creme de Avena, servido em torradas. Nem preciso dizer que a harmonização foi perfeita, quem já comeu pato com laranja sabe disso.
Osmar Buzin (azul), Leonardo Botto (óculos), Marcelo Carneiro (preto) e o cozinheiro Fernando
               Pratos gordurosos pedem cervejas mais alcoólicas e robustas. Portanto para acompanhar a carne de cordeiro com molho de cerveja e hortelã, tinha que ser uma cerveja que tivesse esses requisitos. De cor vermelha, rubi, o chope Rossa foi uma boa companheira, pois tinha o essencial que o prato pedia: corpo e álcool elevados para cortar a gordura, malte torrado, leve defumado e caramelo para combinar com o tostado e o doce da carne.
Rossa (Irish Red Ale - 5,8% APV) e Nera (Dunkel - 5% APV)
               Muitos jamais sonhariam em beber cerveja com algum tipo de doce, pois aos incrédulos, foi esse justamente o último prato servido, um ganache de chocolate com cerveja e alecrim, harmonizado com o chope Nera, cerveja rica em aromas e sabores de café e chocolate. Mesmo com essas notas ela não é doce, mas bem amarga e seca, portanto nada enjoativa.
tanques de fermentação da Noi
               Ambiente agradável, harmonizações mais que perfeitas, palestra muito bem ministrada, público deliciado e saciado, dúvidas e mitos acerca da cerveja desvendados, o encontro foi ótimo, agradando todos os presentes, mas ao menos para mim o encontro ainda não tinha encerrado. Gentilmente o Botto me mostrou a fábrica por dentro, explicando rapidamente o funcionamento da mesma e seus equipamentos. Antes vista atrás dos vidros, pude ver de perto como eram grandes os tanques de maturação e fermentação, a qualidade dos equipamentos e maquinário apresentados, o cuidado necessário e o trabalho que dá fazer cerveja, mesmo tratando-se de uma micro-cervejaria artesanal.
moedor de cereais maltados e detalhe da conexão direta ao tanque
tanques de maturação e fermentação com temperatura controlada. variedade de maquinários e equipamentos. engarrafadora ainda em testes para futuro lançamento da linha de garrafas.
               Uma curiosidade: durante o evento passaram de mesa em mesa alguns insumos, como variedades de maltes e lúpulos, para que o público presente pudesse conhecer de perto os ingredientes, além da água e fermento, usados na fabricação de cervejas. Na minha mesa passou o lúpulo americano Cascade. Não contente em apenas cheirá-lo, comi um. Mais tarde em casa, bem após a realização do evento, mas ainda no mesmo dia, abri uma cerveja para beber, a 3 Lobos Exterminador, da micro-cervejaria mineira Backer, que usa capim limão na receita. Qual não foi minha surpresa ao encontrar o lúpulo Cascade no aroma e sabor desta, tão vívido estava na minha memória, nariz e boca. Sabores cítricos, de manga e melão também estavam bem presentes. Mas foi curioso, coincidências também acontecem no mundo cervejeiro.
cheirando o lúpulo americano Cascade e a 3 Lobos Exterminador (American Wheat - 4,5% APV)
               Depois desse encontro percebi que, da mesma forma que já tive e ainda tenho ídolos no esporte, cinema, literatura e música, por exemplo, atualmente meus ídolos são todos cervejeiros. Acompanhar esses caras em seus blogs ou em notícias do meio cervejeiro, beber suas cervejas, sempre aguardando o próximo lançamento, e estar em contato com eles, que humildemente conversam e explicam suas técnicas como iguais, não tem preço! Digo que como fã, me senti muito realizado. Faltou apenas ter pedido um autógrafo a eles.
momento tiete com os mestres Leonardo Botto e Marcelo Carneiro