Harmonizando a vida com cervejas, comidas de botequim e amizade

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Meus ídolos são cervejeiros – FESTIVAL ÁGUA NA BOCA 2011 AL MARE (JORNAL O GLOBO) / NOI CERVEJARIA ARTESANAL

               Há uma semana, em 16/08/2011, realizado pelo Jornal O Globo, através do Festival Água na Boca 2011 – Al Mare, promovido na Noi Cervejaria Artesanal, em Itaipú, Niterói/RJ, ocorreu o encontro “Conceituando as cervejas artesanais” com palestra e degustação gratuitas a cargo de Osmar Buzin, proprietário da cervejaria e de vários restaurantes da região.
               Osmar acabou passando a bola, de forma feliz, aos cervejeiros de mão cheia, Leonardo Botto, cervejeiro caseiro do Rio, sommelier de cerveja, fundador e atual presidente da AcervA Carioca, e Marcelo Carneiro, proprietário da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto/SP, há mais de quinze anos fazendo cervejas com identidade brasileira, vide uso de ingredientes como mandioca, mel, rapadura, café, rapadura queimada e castanha-do-pará, por exemplo.
               Disse que o anfitrião foi feliz ao substituir-se, não porque não entenda de cervejas, longe disso. Ter uma cervejaria como a Noi, por sinal a 1ª. cervejaria de Niterói, mostra o conhecimento e acuro que ele teve ao criá-la, mas foi inteligente ao abrir suas portas ao Botto e Marcelo para ministrarem o evento, grandes conhecedores que são do assunto e referências no mundo cervejeiro brasileiro. O próprio Botto, inclusive, foi responsável pela elaboração de alguns rótulos em parceria com o mestre-cervejeiro da Noi. Seja o espectador iniciante, avesso ao mundo cervejeiro ou já experiente e familiar no assunto, é contagiante ouvi-los palestrando sobre a nobre e popular bebida, explicando dados técnicos, divagando sobre sua rica e antiga história, servindo de guias para um mundo novo a ser desbravado.
fachada da cervejaria e o Noi Truck Beer, choperia móvel que pode ser alugada para comemorações
               Mas como falar de cerveja dá sede e o objetivo da cervejaria, além de palestrar sobre, era oferecer degustação de suas criações, estas logo foram servidas e analisadas. Os primeiros chopes foram a Bionda e a Bionda Oro, respectivamente uma Pilsen filtrada e não filtrada, e devido a isso a aparência da primeira era límpida e dourada, da outra era turva. Ambas eram bem leves, delicadas e refrescantes, sendo a segunda um pouco mais encorpada e mais amarga, com o fermento mais presente.
Bionda (Pilsen - 4% APV) e Bionda Oro (Pilsen Premium - 4,5% APV)
               Os próximos chopes servidos vieram acompanhados de pratos elaborados pelo Fernando, cozinheiro do restaurante da casa, que recebeu orientações do Botto para que esses harmonizassem com as cervejas oferecidas. Intercalando as degustações, explicações eram dadas sobre as cervejas e pratos apresentados, destacando as sensações que ambos ofereciam ao degustador. O primeiro prato foi um caldo de frutos do mar, harmonizando com o chope Bianca. Com notas de cravo, tutti-frutti e banana, frutada e com ligeiro sabor de maçã, esse chope de trigo casou com o caldo por semelhança, pois ambos eram leves, e a carbonatação alta da bebida limpou o paladar.
Bianca (Weiss - 4,9% APV) e Avena (Golden Ale - 5,2% APV)
               Do estilo Golden Ale, a Avena foi a próxima cerveja servida, trazendo boas notas frutadas e cítricas, aroma de pêssego e sabor de mel. Na receita é inserido mel de laranjeira e ela tinha um médio adocidado. Harmonizou com o risoto de pato ao creme de Avena, servido em torradas. Nem preciso dizer que a harmonização foi perfeita, quem já comeu pato com laranja sabe disso.
Osmar Buzin (azul), Leonardo Botto (óculos), Marcelo Carneiro (preto) e o cozinheiro Fernando
               Pratos gordurosos pedem cervejas mais alcoólicas e robustas. Portanto para acompanhar a carne de cordeiro com molho de cerveja e hortelã, tinha que ser uma cerveja que tivesse esses requisitos. De cor vermelha, rubi, o chope Rossa foi uma boa companheira, pois tinha o essencial que o prato pedia: corpo e álcool elevados para cortar a gordura, malte torrado, leve defumado e caramelo para combinar com o tostado e o doce da carne.
Rossa (Irish Red Ale - 5,8% APV) e Nera (Dunkel - 5% APV)
               Muitos jamais sonhariam em beber cerveja com algum tipo de doce, pois aos incrédulos, foi esse justamente o último prato servido, um ganache de chocolate com cerveja e alecrim, harmonizado com o chope Nera, cerveja rica em aromas e sabores de café e chocolate. Mesmo com essas notas ela não é doce, mas bem amarga e seca, portanto nada enjoativa.
tanques de fermentação da Noi
               Ambiente agradável, harmonizações mais que perfeitas, palestra muito bem ministrada, público deliciado e saciado, dúvidas e mitos acerca da cerveja desvendados, o encontro foi ótimo, agradando todos os presentes, mas ao menos para mim o encontro ainda não tinha encerrado. Gentilmente o Botto me mostrou a fábrica por dentro, explicando rapidamente o funcionamento da mesma e seus equipamentos. Antes vista atrás dos vidros, pude ver de perto como eram grandes os tanques de maturação e fermentação, a qualidade dos equipamentos e maquinário apresentados, o cuidado necessário e o trabalho que dá fazer cerveja, mesmo tratando-se de uma micro-cervejaria artesanal.
moedor de cereais maltados e detalhe da conexão direta ao tanque
tanques de maturação e fermentação com temperatura controlada. variedade de maquinários e equipamentos. engarrafadora ainda em testes para futuro lançamento da linha de garrafas.
               Uma curiosidade: durante o evento passaram de mesa em mesa alguns insumos, como variedades de maltes e lúpulos, para que o público presente pudesse conhecer de perto os ingredientes, além da água e fermento, usados na fabricação de cervejas. Na minha mesa passou o lúpulo americano Cascade. Não contente em apenas cheirá-lo, comi um. Mais tarde em casa, bem após a realização do evento, mas ainda no mesmo dia, abri uma cerveja para beber, a 3 Lobos Exterminador, da micro-cervejaria mineira Backer, que usa capim limão na receita. Qual não foi minha surpresa ao encontrar o lúpulo Cascade no aroma e sabor desta, tão vívido estava na minha memória, nariz e boca. Sabores cítricos, de manga e melão também estavam bem presentes. Mas foi curioso, coincidências também acontecem no mundo cervejeiro.
cheirando o lúpulo americano Cascade e a 3 Lobos Exterminador (American Wheat - 4,5% APV)
               Depois desse encontro percebi que, da mesma forma que já tive e ainda tenho ídolos no esporte, cinema, literatura e música, por exemplo, atualmente meus ídolos são todos cervejeiros. Acompanhar esses caras em seus blogs ou em notícias do meio cervejeiro, beber suas cervejas, sempre aguardando o próximo lançamento, e estar em contato com eles, que humildemente conversam e explicam suas técnicas como iguais, não tem preço! Digo que como fã, me senti muito realizado. Faltou apenas ter pedido um autógrafo a eles.
momento tiete com os mestres Leonardo Botto e Marcelo Carneiro

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